Indicado pelo grupo de Saúde Mental na Uerj, o documentário "A casa dos mortos" relata o Manicômio Judiciário de Salvador. A antropóloga Débora Diniz, diretora do filme, ressalta o polêmico tema dos manicômios judiciários como o grande desafio da Reforma Psiquiátrica Brasileira.
O FILME: Bubu é um poeta com doze internações em manicômios judiciários. Ele desafia o sentido dos hospitais-presídios, instituições híbridas que sentenciam a loucura à prisão perpétua. O poema A Casa dos Mortos foi escrito durante as filmagens do documentário e desvelou as mortes esquecidas dos manicômios judiciários. São três histórias em três atos de morte. Jaime, Antônio e Almerindo são homens anônimos, considerados perigosos para a vida social, cujo castigo será a tragédia do suicídio, o ciclo interminável de internações, ou a sobrevivência em prisão perpétua nas casas dos mortos. Bubu é o narrador de sua própria vida, mas também de seu destino de morte.
"A falta de tratamento adequado, de terapias, atividades de cunho social e trabalho de incentivo à reaproximação familiar levam, inevitavelmente, à instituição não oficial de algo proibido pela Constituição". "A prisão perpétua acaba ocorrendo nesse cenário", destaca Débora.
"Na avaliação de Débora, transferir a responsabilidade do tratamento à área da saúde é uma das tentativas interessantes para mudar a realidade dos manicômios judiciários". Segundo ela: "Seria a transmissão do mundo da medicalização para o mundo social".
"Na avaliação de Débora, transferir a responsabilidade do tratamento à área da saúde é uma das tentativas interessantes para mudar a realidade dos manicômios judiciários". Segundo ela: "Seria a transmissão do mundo da medicalização para o mundo social".
Documentário questiona a forma como o poder público trata os doentes mentais que cometem crimes
CorreioWeb (DF) > Brasil 19 de abril de 2009
Três destinos estão reservados aos doentes mentais que cometem crimes no Brasil. Ciclos intermináveis de internações, suicídio ou a sobrevivência em prisão perpétua. Jaime, Antonio e Almerindo, cada um com sua sina, contam a realidade macabra dos manicômios judiciários do país. São os protagonistas do documentário A casa dos mortos, que será lançado em Brasília na próxima sexta-feira, durante o festival É Tudo Verdade. O filme de 24 minutos é narrado pela voz imponente de Bubu, um escritor com 12 internações em manicômios, que recita um poema de autoria própria. Ao fim de cada estrofe, a explicação sobre onde ocorrem "mortes sem batidas de sinos", "overdoses usuais e ditas legais" e "vidas sem câmbio lá fora". "É que aqui é a casa dos mortos!", esclarece Bubu.
Mortos fisicamente pelas condições desumanas a que são submetidos, ou defuntos sociais, quando conseguem sobreviver lá dentro mas perdem qualquer vínculo com o mundo exterior, cerca de 4.500 pessoas estão abrigadas nos manicômios judiciários no país. Muitas como Almerindo, há mais de 30 anos no Hospital de Custódia e Tratamento (HCTP) de Salvador (BA), por ter atirado uma pedra numa pessoa e roubado a bicicleta dela, em seguida recuperada.
A antropóloga Debora Diniz, diretora do documentário, ressalta o objetivo esclarecedor da fita. "Queremos mostrar que essa realidade existe e que se configura numa violência aos direitos humanos dessas pessoas. Da forma como fizemos, mostrando o manicômio judiciário sob a ótica do interno, retratamos quase que o mundo real", explica.
Os manicômios judiciários são, na avaliação de Debora, o grande desafio da reforma psiquiátrica brasileira, que completa oito anos em 2009. Uma das grandes polêmicas da área é quem deve se responsabilizar pelos doentes mentais infratores. "Cria-se esse limbo. A área da saúde não quer se meter porque o problema é de segurança pública, que não consegue oferecer o mínimo de tratamento adequado para esses pacientes", afirma Carmen Silvia de Moraes Barros, coordenadora do núcleo de situação carcerária da Defensoria Pública de São Paulo.
Em muitos manicômios judiciários do país, relata a defensora, não há nem sinais de um hospital - embora eles devessem funcionar como tal. "Em Taubaté, por exemplo, são celas, com portas de ferro e janelinhas que abrem."
Na avaliação de Debora, transferir a responsabilidade do tratamento à área da saúde é uma das tentativas interessantes para mudar a realidade dos manicômios judiciários. "Seria a transmissão do mundo da medicalização para o mundo social. O Almerindo vive há 30 anos sem decidir o que tomar no café. Então, o quadro é muito grave. E disso surge uma pergunta: onde colocar o Almerindo?", questiona a antropóloga.
A falta de tratamento adequado, de terapias, atividades de cunho social e trabalho de incentivo à reaproximação familiar levam, inevitavelmente, à instituição não oficial de algo proibido pela Constituição. "A prisão perpétua acaba ocorrendo nesse cenário", destaca Debora.
Após a exibição de A casa dos mortos, haverá debate sobre o assunto com Debora e a diretora de produção do documentário, Fabiana Paranhos.
Poema A casa dos mortos, de Bubu
A casa dos mortos
das mortes sem batidas de sino.
- Cena 1 deste filme-documentário
do mesmo destino de sempre;
é que aqui é a casa dos mortos!
***
A casa dos mortos
das overdoses usuais e ditas legais.
- Cena 2 deste filme-documentário
do mesmo destino de sempre;
é que aqui é a casa dos mortos!
***
A casa dos mortos
das vidas sem câmbios lá fora.
- Cena 3 deste filme-documentário
do mesmo destino de sempre;
é que aqui é a casa dos mortos!
***
Prá começo de conversa, são 3 cenas,
são 3 cenas anteriores e posteriores
às minhas 12 passagens
pelas casas dos mortos,
que são os manicômios;
- tenho - digamos assim ! -
surtos de loucura existencial brejinhótica,
relativos à minha cidade natal,
Oliveira dos Brejinhos - Bahia - Brasil;
voltando às cenas:
... cenas que, por si sós,
deveriam envergonhar os ditames legais
das processualísticas penais e manicomiais;
mas, aqui é a realidade manicomial!
***
Pois, bem: são 3 cenas,
são três cenas repetidas e repetitivas
de um ritual satânico-sacro
com poucos equivalentes comparados de terror,
cujo estoque self-made in world
é o medicamentoso entupir de remédios,
o qual se esquece de que
A Era Prozac
das pílulas da felicidade
não produz A Era da Felicidade
da nossa almática essência de liberdade;
mas, aqui é a realidade manicomial!
***
E, ainda sobre as 3 cenas:
são 3 cenas de um mesmo filme-documentário:
Cena 1, das mortes sem batidas de sino;
Cena 2, das overdoses usuais e ditas legais;
Cena 3, das vidas sem câmbios lá fora
- que se reescrevam, então,
Os Infernos de Dante Alighieri;
mas, aqui é a realidade manicomial!
***
Reporto-me às palavras de um douto inconteste,
um doutor que rompeu o silêncio,
o jornalista Jânio de Freitas,
do jornal A Folha de São Paulo:
"A psiquiatria é a mais atrasada das ciências"
- Parafraseio Jânio de Freitas
porque a casa dos mortos,
que é a metáfora arquitetônica
pela qual designo a psiquiatria,
pede que se fale
contra si mesma!
***
E, por falar, também, em lucidez,
sou lúcido e translúcido:
a colunista-articulista Danuza Leão,
no jornal baiano A Tarde, explica:
"Lucidez é reconhecer
a sua própria realidade,
mesmo que isso lhe traga sofrimentos."
Mas, qual, ó Bubu!:
isto aqui é a casa dos mortos,
e, na casa dos mortos,
quem tem um olho é rei,
porque esta é a máxima e a práxis
da casa dos mortos.
***
Hospital São Vicente de Paulo /
Taguatinga - Distrito Federal - Brasil, abril de 1995:
o laudo a meu respeito (eu Bubu)
é categórico e afirma sinteticamente:
"O senhor Bubu é perfeita e plenamente lúcido!".
Mas, é que lá a psiquiatria é Psiquiatria Federal,
com P maiúsculo,
de propriedade patenteada
e de panteão da civilização;
enquanto que, aqui na Bahia,
a psiquiatria é psiquiatria estadual,
com p minúsculo,
de pôrra-louquice
e de prostíbulo do conceito clínico
(não custa nada afirmar:
eu Bubu fui absolvido
pela Psiquiatria Federal,
e eu Bubu fui condenado
pela psiquiatria estadual
- eis o mote da minha história!)
***
Isto é um veredicto!
- tomara que fosse um ultimatum
à casa dos mortos!
CorreioWeb (DF) > Brasil 19 de abril de 2009
Três destinos estão reservados aos doentes mentais que cometem crimes no Brasil. Ciclos intermináveis de internações, suicídio ou a sobrevivência em prisão perpétua. Jaime, Antonio e Almerindo, cada um com sua sina, contam a realidade macabra dos manicômios judiciários do país. São os protagonistas do documentário A casa dos mortos, que será lançado em Brasília na próxima sexta-feira, durante o festival É Tudo Verdade. O filme de 24 minutos é narrado pela voz imponente de Bubu, um escritor com 12 internações em manicômios, que recita um poema de autoria própria. Ao fim de cada estrofe, a explicação sobre onde ocorrem "mortes sem batidas de sinos", "overdoses usuais e ditas legais" e "vidas sem câmbio lá fora". "É que aqui é a casa dos mortos!", esclarece Bubu.
Mortos fisicamente pelas condições desumanas a que são submetidos, ou defuntos sociais, quando conseguem sobreviver lá dentro mas perdem qualquer vínculo com o mundo exterior, cerca de 4.500 pessoas estão abrigadas nos manicômios judiciários no país. Muitas como Almerindo, há mais de 30 anos no Hospital de Custódia e Tratamento (HCTP) de Salvador (BA), por ter atirado uma pedra numa pessoa e roubado a bicicleta dela, em seguida recuperada.
A antropóloga Debora Diniz, diretora do documentário, ressalta o objetivo esclarecedor da fita. "Queremos mostrar que essa realidade existe e que se configura numa violência aos direitos humanos dessas pessoas. Da forma como fizemos, mostrando o manicômio judiciário sob a ótica do interno, retratamos quase que o mundo real", explica.
Os manicômios judiciários são, na avaliação de Debora, o grande desafio da reforma psiquiátrica brasileira, que completa oito anos em 2009. Uma das grandes polêmicas da área é quem deve se responsabilizar pelos doentes mentais infratores. "Cria-se esse limbo. A área da saúde não quer se meter porque o problema é de segurança pública, que não consegue oferecer o mínimo de tratamento adequado para esses pacientes", afirma Carmen Silvia de Moraes Barros, coordenadora do núcleo de situação carcerária da Defensoria Pública de São Paulo.
Em muitos manicômios judiciários do país, relata a defensora, não há nem sinais de um hospital - embora eles devessem funcionar como tal. "Em Taubaté, por exemplo, são celas, com portas de ferro e janelinhas que abrem."
Na avaliação de Debora, transferir a responsabilidade do tratamento à área da saúde é uma das tentativas interessantes para mudar a realidade dos manicômios judiciários. "Seria a transmissão do mundo da medicalização para o mundo social. O Almerindo vive há 30 anos sem decidir o que tomar no café. Então, o quadro é muito grave. E disso surge uma pergunta: onde colocar o Almerindo?", questiona a antropóloga.
A falta de tratamento adequado, de terapias, atividades de cunho social e trabalho de incentivo à reaproximação familiar levam, inevitavelmente, à instituição não oficial de algo proibido pela Constituição. "A prisão perpétua acaba ocorrendo nesse cenário", destaca Debora.
Após a exibição de A casa dos mortos, haverá debate sobre o assunto com Debora e a diretora de produção do documentário, Fabiana Paranhos.
Poema A casa dos mortos, de Bubu
A casa dos mortos
das mortes sem batidas de sino.
- Cena 1 deste filme-documentário
do mesmo destino de sempre;
é que aqui é a casa dos mortos!
***
A casa dos mortos
das overdoses usuais e ditas legais.
- Cena 2 deste filme-documentário
do mesmo destino de sempre;
é que aqui é a casa dos mortos!
***
A casa dos mortos
das vidas sem câmbios lá fora.
- Cena 3 deste filme-documentário
do mesmo destino de sempre;
é que aqui é a casa dos mortos!
***
Prá começo de conversa, são 3 cenas,
são 3 cenas anteriores e posteriores
às minhas 12 passagens
pelas casas dos mortos,
que são os manicômios;
- tenho - digamos assim ! -
surtos de loucura existencial brejinhótica,
relativos à minha cidade natal,
Oliveira dos Brejinhos - Bahia - Brasil;
voltando às cenas:
... cenas que, por si sós,
deveriam envergonhar os ditames legais
das processualísticas penais e manicomiais;
mas, aqui é a realidade manicomial!
***
Pois, bem: são 3 cenas,
são três cenas repetidas e repetitivas
de um ritual satânico-sacro
com poucos equivalentes comparados de terror,
cujo estoque self-made in world
é o medicamentoso entupir de remédios,
o qual se esquece de que
A Era Prozac
das pílulas da felicidade
não produz A Era da Felicidade
da nossa almática essência de liberdade;
mas, aqui é a realidade manicomial!
***
E, ainda sobre as 3 cenas:
são 3 cenas de um mesmo filme-documentário:
Cena 1, das mortes sem batidas de sino;
Cena 2, das overdoses usuais e ditas legais;
Cena 3, das vidas sem câmbios lá fora
- que se reescrevam, então,
Os Infernos de Dante Alighieri;
mas, aqui é a realidade manicomial!
***
Reporto-me às palavras de um douto inconteste,
um doutor que rompeu o silêncio,
o jornalista Jânio de Freitas,
do jornal A Folha de São Paulo:
"A psiquiatria é a mais atrasada das ciências"
- Parafraseio Jânio de Freitas
porque a casa dos mortos,
que é a metáfora arquitetônica
pela qual designo a psiquiatria,
pede que se fale
contra si mesma!
***
E, por falar, também, em lucidez,
sou lúcido e translúcido:
a colunista-articulista Danuza Leão,
no jornal baiano A Tarde, explica:
"Lucidez é reconhecer
a sua própria realidade,
mesmo que isso lhe traga sofrimentos."
Mas, qual, ó Bubu!:
isto aqui é a casa dos mortos,
e, na casa dos mortos,
quem tem um olho é rei,
porque esta é a máxima e a práxis
da casa dos mortos.
***
Hospital São Vicente de Paulo /
Taguatinga - Distrito Federal - Brasil, abril de 1995:
o laudo a meu respeito (eu Bubu)
é categórico e afirma sinteticamente:
"O senhor Bubu é perfeita e plenamente lúcido!".
Mas, é que lá a psiquiatria é Psiquiatria Federal,
com P maiúsculo,
de propriedade patenteada
e de panteão da civilização;
enquanto que, aqui na Bahia,
a psiquiatria é psiquiatria estadual,
com p minúsculo,
de pôrra-louquice
e de prostíbulo do conceito clínico
(não custa nada afirmar:
eu Bubu fui absolvido
pela Psiquiatria Federal,
e eu Bubu fui condenado
pela psiquiatria estadual
- eis o mote da minha história!)
***
Isto é um veredicto!
- tomara que fosse um ultimatum
à casa dos mortos!
Assista o filme CLICANDO AQUI.
FONTE: site Inverso
minha mãe é louca drogada uma pessoa que presiza ser internada numa casa de hospicio como faço. ?
ResponderExcluirvocê pode procurar a defensoria pública da sua cidade e pedir a interdição civil, bem como o tratamento junto ao judiciário, de forma que o juiz determinará, em conjunto com médicos, qual será o tratamento mais adequado no caso da senhora sua mãe.
ExcluirCaro Pietro, percebi que você mora em São Paulo, né?
ResponderExcluirEsse não é o momento de abandonar a sua mâe, e sim de ajudá-la. Sugiro que procure um CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas) mais próximo da sua região. Segue a lista com os endereços e telefones no link abaixo:
http://www.ccs.saude.gov.br/saudemental/capssaopaulo.php
Abraços!
Isso mesmo Marcela, existem outro recursos mais humanos para tratarem dessas pessoas que tem sentimentos igual nos; Tristesa, saudade, alegria, amor, carinho etc...
ResponderExcluirGOSTEI MUITO DESTE DOCUMENTÁRIO.
ResponderExcluirO PROFESSOR PASSOU PARA A CLASSE NA FACULDADE DE DIREITO UNISANTOS.
ESTOU EM BUSCA DO DVD ORIGINAL.
ALGUÉM PODE ME INFORMAR O CAMINHO DE CONSEGUIR ESTE FILME.
AGRADEÇO DESDE JÁ.
ABRAÇÃO DE ALEXANDRE JORGE.
pegue-o na uniritter de canoas
Excluirtenho um primo internado em salvadoe no manicomio judiciário, por ter matado o pai, o nome dele é josé aderlan dos santos freitas, gostaria de saber a e-mail do hospital manicomio judiciário e o telefone, é possível?? em caso afirmativo por favor enviar resposta para o e-mal:
ResponderExcluirm.sfreitasadv@ig.com.br ou m.sfreitasadv@gmail.com
obrigada.
Neste website www.cchr.pt podem encontrar interessante informação sobre este assunto.
ResponderExcluirAbraços
Impressionante!
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