O objetivo do blog é divulgar os dispositivos alternativos na rede de Saúde Mental e propagar a ideia da luta antimanicomial. A partir da democratização da psiquiatria, os profissionais de saúde mental visam trabalhar de forma interdisciplinar no âmbito do novo contexto da psiquiatria renovada.

terça-feira, 23 de março de 2010

Relato de uma paciente do Caps


 USUÁRIA DA CAPS:

Marcelle sou usuária do Caps Davi Capstranio Filho em Aracaju/Se e visitei o seu blog e gostei muito do pouco que eu li.

Pergunto a você: O que eu faço para denunciar o meu tio XXXXX que insiste que eu vá para uma casa de recuperação evangélica aqui no interior (em Itaporanga d'ajuda) dizendo que é pra eu ser curada, mas as verdadeiras intenções dele são outras?

Na verdade ele quer me jogar lá na intenção e me destruir. Ele é um homem perverso, vingativo e ruim; fez fofoca e conseqüentemente a inimizade entre a ex-mulher dele contra minha mãe(irmã dele) as duas não se falam.

Vou contar um pouco da minha história: comecei a apresentar problemas de comportamento leves em 1997 e em 1999 a coisa piorou de tal forma que sai do estágio e tranquei a faculdade de pedagogia no mesmo ano e de lá pra cá não voltei mais a trabalhar e estudar na sociedade dita "normal". Pois tive alguns altos e baixos mudei do RJ pra morar em Aracaju, nisso eu fiquei jogada no meio dos problemas da família, e acabei sendo ou virando o bode espiatório quer dizer eu virei a razão, o motivo dos problemas das pessoas, dos meus familiares mais próximos e a verdade é que eu não sou o problema da vida de ninguém.

Acho que eu sou a chave dos problemas da minha mãe e dos meus irmãos e do meu e deve isso que ele vê fica me persiguindo, ele faz as coisas, toma atitudes para ninguém desconfiar das segundas intenções dele.

RESPOSTA:

Olá, YYYYYY, saudações antimanicomiais! Que bom que você gostou do blog, to começando agora , há muito o que se fazer, eu mesma vou passar a escrever mais. Então sugiro que você seja uma seguidora do blog clicando no botão "SEGUIR" que há no canto direito da página, assim você poderá participar mais interativamente nele.
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Quanto ao seu relato acima, penso que você está num dispositivo alternativo ideal para o seu tratamento. Além de estar de acordo com a reforma psiquiátrica , os CAPS oferecem um suporte para quem precisa de atenção e cuidado. E Cuidado não só no sentido de tomar remédios, mas de ter direito a um tratamento com assistência, com a atenção psicossocial. Ou seja, junto com uma equipe interdiscplinar você pode ter o tratamento que precisa, exercendo seu direito de cidadania de estar no espaço urbano, indo e vindo, jamais com isolamento . Internação é coisa do passado, não se misturam esses tipos de temas. Um coisa é a opção religiosa, outra é o sofrimento mental que requer outro tipo de Atenção.

Se você está no CAPS continue nele, procure os técnicos, insista no seu tratamento mesmo que você não tenha um grande suporte familiar, conheça seus direitos! Eu não te conheço, mas você disse que havia deixado alguns projetos seus de faculade, trabalho, seu tio te persegue, que ele fala em internação para receber tratamento "religioso" e mudou-se de Estado.

Bem , aí vão algumas dicas que podem ser sugestivas como a Lei 10.216:

Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental: 

São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:

I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;

VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento.

VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
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IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.
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Art. 4, § 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio.
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Art. 4, § 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os direitos enumerados no parágrafo único do art. 2o.
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Se você fala em DENÚNCIA acredito que se haver algum constrangimento por parte do seu tio, o MINISTÈRIO PÚBLICO da sua cidade deve ser acionado de acordo com essa lei. Converse com o seu técnico - referência do CAPS.
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Existe um benefício assistencial para quem não tem capacidade de exercer suas atividades laborais, mesmo que seja por um período momentâneo. Ele se chama Benefício de Prestação Continuada (BPC). Você recebe? Não sei se é o seu caso. No meu blog explico o que é e como adquiri-lo.
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No mais YYYYY, é isso. não devemos nos calar diante daquilo que nos incomoda. Devemos a todo momento estar atento e combater todo o tipo de preconceito e lutar pela garantia dos nossos diteitos.
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Sabe, tenho uma louca experiência com usuários crônicos que estão inserido nos dispositivos alternativos de Niterói. Minhas idas ao CAPS, Residencias Terapêuticas renderia um livro. Quantas reuniões, musicoterapia, passeios. Fiquei no primeiro ano de estágio debruçada sobre esse trabalho, investigando a realidade manicomial desses usuários e pude constatar o quanto essas pessoas melhoram , no sentido deles se reapropriarem do espaço, da casa , da famíla, do seu direito de cidadnia, do seu direito de ser "DIFERENTE". Vou postar minhas "loucas" histórias no blog , vê lá!!!
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Bjs! Bjs! Por um mundo sem manicômios!!! A luta não pode parar!!!!!

Um comentário:

  1. eu trabalhei no caps de encruzilhada , me chamaram para trabalhar como artesã, eu aceitei, não sei o que aconteceu quando foram procurar meus documentos e não conseguiam achar as xeróx que eu dei para a secretária do capsxxxxxxxx , um dia a psicologa me pediu para eu procurar uma triagem de pacientes e quando eu peguei a pasta e li estava escrito : meu nome e doi tipó : paciente em busca ativa eu falei para a assistente social da ápoca que me colocaram para trabalhar como laranja porque me disseram que para o caps não fechar tinha quer ter no mínimo 25 pacientes , eu fui até a sala da assistente e pedi a triagem ,ela disse que não tinha nada , e nem saiu da cadeira para me provar que não tinha eu sabia que tinha ,mas não podia invadir a sala, e tomo rem´edio para dormir e a secretaria do caps tambem ,mas ela não estava como paciente do caps , ela tomava rivotril eu diazepam , eu só tinha insônia , tive uma crise nervosa porque tenho um irmão que tem epilepsia e me agredia , por isso que passei a ter insônia , sou normal , não entendi porque eles fizeram isso, fiquei muito magoada , hoje estou diminuindo os remedios , tomo 2 vezes por semana , e as vezes nem tomo, e se eu era paciente e nbão sabia , porque a secretária me pediu para levar 2 com problemas de depressão para fazer exames em outra cidade , levei o paciente que além de não ter tomado o remédio ,nãoi levou tambem para tomar , e esses paciente ficava inquieto e eu fiquei o tempo todo de olho nele para ele não sair só , porque ele queria ir no inss de qulquer jeito , eu quase fiquei louca de medo do paciente fazer algo, quero saber se o que eles fizeram comigo é crime , porque eles me enganaram .

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