O objetivo do blog é divulgar os dispositivos alternativos na rede de Saúde Mental e propagar a ideia da luta antimanicomial. A partir da democratização da psiquiatria, os profissionais de saúde mental visam trabalhar de forma interdisciplinar no âmbito do novo contexto da psiquiatria renovada.

sábado, 3 de abril de 2010

Serviço Social e Saúde Mental. Parte 3

Dando continuidade ao texto Serviço Social e Saúde Mental segue abaixo a terceira parte da tese de Doutorado do Professor José Augusto Bisnetto. Para acompanhar a parte 1 CLIQUE AQUI e a parte 2 CLIQUE AQUI.

Na psiquiatria renovada a ruptura do convívio social se constitui como parte do problema do usuário, e não apenas efeito colateral do seu problema, como pensa a psiquiatria tradicional. Na nova psiquiatria, de forma duplamente justificada,a atuação do Serviço Social se dá como
intervenção contínua, em contato com o usuário, em geral inserido em equipes interdisciplinares.Quando se admite que os problemas sociais são constitutivos do problema mental, o outro objeto da prática proposto seria ajudar diretamente na recuperação do portador do transtorno psíquico, através de atividades sociais com efeito terapêutico ou através de ressocialização e reabilitação psicossocial, que são consideradas a terapêutica possível. Só que esse objeto do Serviço Social ainda está em fase de reconhecimento institucional nas novas demandas de Saúde Mental.

O que o Serviço Social vai ser solicitado a transformar, geralmente junto a equipes multifuncionais, são condições sociais particulares dos usuários que, como causa efeito ou constituição do transtorno mental, se apresentam como direitos sociais perdidos, recursos econômicos reduzidos, relações sociais empobrecidas, vínculos relacionais estereotipados, situações de alienação social. Nessas condições a assistência psiquiátrica renovada visa à reabilitação psicossocial, procurando melhorar a qualidade de vida dos seus usuários, darem condições para que eles levem uma vida não tão prejudicada pelos seus próprios sintomas ou transtornos, em todos os aspectos, tanto biológicos quanto psicológicos e sociais. Daí a necessidade do trabalho multiprofissional.

Há também espaço em algumas organizações institucionais de Saúde Mental para a atividade do Serviço Social como promotor da cidadania e de melhores condições sociais, independentemente do ato profissional reverter-se devidamente em benefício terapêutico para o paciente ou ganho organizacional para o estabelecimento. Devido a um certo grau de autonomia que o Serviço Social tem como agente subordinado em Saúde Mental, o assistente social pode atuar em benefício do usuário em relação aos seus problemas sociais. Nesse caso, como o saber psiquiátrico não domina a assistência social, o Serviço Social pode fazer valer os preceitos da profissão, quando há recursos organizacionais para isso.

    

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